Véspera de Natal
Num ano conturbado, com guerras e violências correndo soltas, com o mundo com medo, com as coisas ameaçando darem erradas, com o de baixo molhando o de cima, agora é Natal. Natal, a festa da paz e do entendimento, da conciliação e da reconciliação, do encontro, do braço estendido e da mão aberta buscando outra mão, Natal que chega prometendo um pouco de paz na vida de cada um de nós, todos ansiosos por este momento, pela promessa e sua realização.
Natal, o nascimento do Cristo transcende o nascimento do Cristo. A verdade de uma religião se espalha pela terra – feita verdade de todas as religiões acima e abaixo do Equador, entre ricos e pobres, como a luz que brilha depois da tempestade, quando a noite cede lugar à madrugada e o novo dia sobe absoluto, no clarão do sol que aumenta de intensidade como que para esconder os estragos da noite em que a tempestade deixou sua marca.
Natal, peru na mesa, pernil, frutas cristalizadas, panetone, torta de maçã e muito amor nos olhos que buscam outros olhos, nos sorrisos que encontram outros sorrisos, na promessa de um pouco de paz depois de um ano acelerado.
A noite de 24 é mágica. Papai Noel ri em toda as chaminés e nas casas sem chaminés, ri do riso dos humanos confraternizando, ainda que em meio às desgraças e desavenças, como os soldados ingleses que, num Natal na Primeira Guerra Mundial, foram jogar futebol com os soldados alemães, mostrando que a guerra é só mais uma monstruosidade inventada pelos políticos e pelos militares, na maioria incompetentes.
Que esta noite multiplique seus desejos, que seus presentes se renovem o ano inteiro, que a paz se faça presente e o sorriso dos olhos guie as mãos se buscando na imensa noite abençoando a todos.
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