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Ir ao cinema

[Crônica de 17 de janeiro de 2002]

Ir ao cinema é uma das grandes diversões dos tempos modernos.  Não sei se os filmes de hoje são melhore ou piores do que os de ontem, nem se o cinema nacional vive sua eterna crise. O que eu sei é que ir ao cinema distrai e é gostoso, ou, pelo menos, era, até ficar impossível, pelo tamanho das filas nas portas das salas mais modernas.

Há vinte anos eu costumava frequentar alguns cinemas da avenida Santo Amaro. Era ótimo. Salas imensas e quase sempre com meia dúzia de gatos pingados. Como o filme não começava com menos do que dez espectadores, era comum ter que telefonar para amigos, chamando a turma para dar quórum e assistir ao filme. 

Foi num deles que assisti e me maravilhei com o ET. Depois, mudei de casa e a avenida Santo Amaro ficou fora de mão.  Não sei sequer se estes cinemas antigos, com suas salas imensas, ainda existem.

Em contrapartida descobri o martírio dos cinemas dos shoppings centers. As filas imensas que dobram o quarteirão, já algumas horas antes da sessão começar.

E esta é mais uma razão para janeiro ser o melhor mês para se viver em São Paulo. 

Com as férias de verão, ainda que não esvaziando tanto assim, a cidade esvazia o suficiente para praticamente acabar com as filas dos cinemas, dando para quem fica o enorme prazer de assistir ao filme que quiser, na hora que quiser, sem enfrentar o martírio dos outros meses do ano, quando se pensar em assistir algum filme da moda antes de alguns meses é uma verdadeira loucura.

Para completar a festa, as mesmas pessoas que não estão indo ao cinema porque não estão aqui, não vão aos restaurantes, o que faz com que eles também fiquem mais vazios e ótimos de irem, depois do cinema.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.