A região da Oscar Freire
[Crônica de 4 de junho de 2001]
Paris é uma beleza, principalmente perto da Place Vendôme ou da Avenue Montaigne. Roma também é linda e Nova Iorque e Londres. Cada uma delas tem uma região mais bonita, mais rica, onde se concentra o comércio de luxo, os restaurantes da moda e por onde circula uma massa chamada VIP e os que gostariam de estar entre os mais VIP’s, mesmo se para isso tivesse que matar, ou vender a alma para o diabo.
São Paulo não é diferente e hoje não deve nada para cidade nenhuma do mundo. A região da rua Oscar Freire é a prova disso. Lá, além de se encontrar o que tem de mais fino e mais caro, com as melhores marcas gravadas no corpo dos produtos, é possível se ver vitrines deslumbrantes, tão bonitas como as mais belas do mundo.
Passear pela rua Oscar Freire e pelas ruas em volta dela é uma festa para os olhos e um perigo para o orçamento doméstico. As coisas estão lá, são vendidas, mas não é todo mundo que pode comprá-las. Alguns preços chegam a ser indecentes, ainda mais num país como o Brasil, onde o salário-mínimo é do tamanho que é.
Tanto faz, os produtos estão lá, brilhando nas vitrines, atraindo os mais ricos e que podem pagar o preço, com o mesmo visgo que as grandes lojas francesas e americanas hipnotizam os brasileiros em geral há décadas.
Dá gosto andar pela região e ver as lojas, mesmo que não seja para comprar. O passeio vale a pena, porque o pedaço está lindo, e a concorrência faz ficar mais bonito ainda, com as lojas caprichando em suas vitrines, para ficarem mais bonitas do que suas vizinhas e assim venderem mais.
Quem ganha com isso é a cidade, que fica cada dia mais bela, ainda que por conta de um pedaço pequeno, para contrastar com o cinza feio que se espalha por grande parte dela.
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