O preço do progresso
O progresso é um assunto complicado. Muitas vezes, o que consideramos progresso, alguns anos depois, apresenta uma conta assustadora. Quem duvida é olhar as mudanças climáticas, em grande parte causadas pelo ser humano em sua sede de progresso, para não ficar dúvida nenhuma.
É verdade, elevamos o nível de poluição a patamares inacreditáveis. Em contrapartida, nunca a humanidade viveu uma época de prosperidade e qualidade de vida similar. A prova irrefutável é a elevação da expectativa de vida das populações, algumas próximas dos 90 anos.
Agora é a hora de pagar o preço de brincarmos de Deus? Pode ser. Está feio e tende a ficar pior. Os incêndios na Califórnia mostram que, para a natureza ensandecida, não tem rico, nem pobre – tem quem fica no caminho dela. E quem fica no caminho dela entra nas estatísticas e no quadro de exemplos do que pode significar ficar no caminho de forças muito mais fortes do que tudo que nós já criamos, incluídas as bombas atômicas.
Um incêndio como o que varreu a Califórnia é um espetáculo dantesco e, ao mesmo tempo, o acerto de contas que coloca ricos e pobres, famosos e esquecidos no mesmo caldeirão. Não tem para ninguém. O fogo destrói tudo, de casas a lembranças, e deixa no lugar um monte de cinzas, que se fundem com as cinzas dos vizinhos, criando uma massa amorfa marcando onde antes foi, agora não é mais.
Não tem lado bom. Os incêndios na Califórnia são dramáticos, mas mostram um outro viés que precisa ser levado em conta. O Brasil foi devorado por incêndios monstruosos, que ficaram fora de controle. Muita gente culpou o governo, quem sabe até com alguma razão, só que, como estamos vendo na Califórnia, tem eventos que são mais fortes, entre eles, incêndios como os que aconteceram lá e como os que aconteceram aqui.
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