O frango que urge

[Crônica de 14 de abril de 1998]

No longo caminho do homem sobre a terra, as reações humanas são 

Permanentemente surpreendentes.  São elas que dão sabor à vida e, dentro das diferenças de indivíduo para indivíduo, fazem que cada pessoa seja única, capaz de desenhos e ações que a diferencia do todo, particularizando sua passagem, deixando a sua marca, ainda que tênue e fugaz.

É fantástico observar como leões não mostram suas garras e como frangotes se fazem de leões, tentando ocupar espaço que ele jamais manterá.

O blefe é arma da vez, a bola do momento, e vê-lo praticado acintosamente, por quem não tem cacife para blefar, é, num primeiro minuto gozado, mas depois torna-se trágico, especialmente quando o frango representa, por motivos que ninguém entende, classe ou associação com pretensão de ser levada a sério.

Numa noite destas acabei assistindo à posse de um novo presidente de uma associação que já prestou serviços os mais relevantes aos seus associados.

Saia da presidência um homem que ao longo dos dois últimos anos conseguiu coisas inacreditáveis, no brasil e no exterior. Todavia, seu discurso foi um exemplo de humildade, de dúvida sobre o seu desempenho, se ele não poderia ter feito mais.

Em contrapartida, seu sucessor deu uma aula ridícula de prepotência, afrontando o salão com um discurso recheado de vento, cujo único ponto sério, tirando todas as pérolas chupadas das letras de chavões da mpb, foi uma enorme lição de puxa-saquismo.

Para ele filósofo e filantropo o mundo só conheceu um: seu patrão!

Cuja máxima de vida pode ser resumida como: “em matéria de absolutamente nada como não resta a menor dúvida, o resto é besteira”. 

Que ele pretende adaptar para “não resta a menor dúvida que em matéria de nada o resto é besteira”, e assim dar novo brilho para quem nunca brilhou, pelo menos para ele, desde que ele foi embora, para a gora voltar.
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