A chegada do outono
[Crônica de 29 de março de 2002]
Na mais pura coincidência, o outono começou com um dia típico de outono. Não há lei que faça o tempo saber que hoje e não amanhã começa o outono. O outono oficialmente começa quando o ser humano convencionou que ele começa e isso é completamente diferente da natureza aceitar a data como dia que ela quer que o outono comece.
Há uma diferença enorme entre o que nós queremos e o que o mundo faz. O gozado é que nós achamos que temos o poder de intervir no mundo, mesmo sendo menos do que uma formiga, perdidos num planetinha mixuruco, rodando em volta de uma estrela sem muita importância, nos confins do Universo.
Foi assim que, por puro acaso, o outono este ano começou com cara de outono, num dia fresco e com céu mais ou menos coberto, por conta de uma frente fria que mudou o tempo, substituindo o calor alucinante que andava fazendo por um clima mais ameno, típico dos meses de outono.
O outono é a estação que tem os dias mais bonitos do ano. Nele o céu adquire um azul especial, mais transparente e mais fundo, que muda a perspectiva da imensidão do cosmos, criando uma luminosidade única que deixa os dias e as noites muito mais bonitos.
E deixa a temperatura mais gostosa também, porque o calor do verão dá lugar a um termômetro mais comportado, que chega a fazer a gente dormir com um cobertor leve, por causa de um friozinho maneiro, que faz as noites do outono as melhores noites para se dormir sem problemas, exceto os pernilongos, ao longo do ano.
Além disto, é nos meses de outono que várias plantas florescem. Entre elas as paineiras que enfeitam São Paulo e que já vão vestindo suas roupas de festa, porque sabem que é a hora delas entrarem na dança.
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