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As mudanças no centro velho

[Crônica de 26 de junho de 2006]

Mesmo decadente, com algumas calçadas com o piso mal cuidado, com ruas esburacadas, com ar de sujo, e sem o charme que já fez suas ruas serem as mais belas da cidade, o trecho do centro velho, chamado de centro novo, continua vivo. Pulsando, tocando a vida em frente. Num ritmo menos acelerado, mas sempre constante, na insistência das lojas antigas que não desistem, e na chegada de lojas novas que ocupam o lugar das lojas antigas que não suportaram as mudanças, dispostas a lutar pelo seu espaço e seu sucesso na malha da vida urbana.

Lá a vida continua sua saga em pessoas com jeito diferente das que povoavam o pedaço, 20 anos atrás, mas dispostas a viverem seus sonhos e fazerem mais real uma vida melhor. O quadro se cristaliza nas mesas dos restaurantes novos que ocupam as mesas dos antigos bares e restaurantes que durante décadas foram cartões postais da boemia paulistana.

É outro público, a maioria sem gravata, mais informal, mas correndo no ritmo acelerado da vida imposta à metrópole, planejada 50 anos atrás, nos escritórios dos prédios ainda imponentes que cercam ruas como a Marconi, ou a Barão de Itapetininga, e praças como a praça da Biblioteca, ou a praça Ramos de Azevedo.

O Centro Novo não perdeu seu encanto. O encanto mudou. Se há alguns anos suas lojas mudaram de perfil, algumas continuam firmes nos endereços de sempre, vendendo os produtos de sempre, mas mais modernos. Computadores no lugar das máquinas de escrever, telefones celulares em vez de guarda-chuvas; roupas mais ousadas no lugar dos antigos ternos. É a vida insistindo e dando a volta por cima, onde se imaginava que não haveria mais vida. Nem sonho.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.