O risco de falta d’água
[Crônica de 11 de março de 2004]
Faz tempo que os níveis dos reservatórios d’água que abastecem São Paulo estão no mínimo, que quer dizer no mínimo mesmo, com o reservatório da Cantareira chegando perto de ficar completamente vazio e ainda estando bem abaixo do que deveria estar nessa época do ano.
Como no Alto-Cotia a situação não é muito melhor, nem diferente, e nem com boa vontade só o Guarapiranga dá conta do recado, ainda que chova muito em março, o que faz parte do programa, ainda assim corremos o risco de um racionamento de água durante o ano.
Não interessa perguntar aqui se a Sabesp tivesse iniciado um racionamento no final do ano passado, o que teria acontecido. Também não cabe perguntar o que ela está fazendo para minimizar uma perda brutal de água dentro dos seus canos.
A pergunta é o que cada um de nós está fazendo para colaborar com a cidade inteira e tentar evitar um sofrimento maior. Será que tudo que cada um poderia fazer está sendo feito? Será que cada um de nós está dando o máximo de si para minimizar o desperdício de água?
São respostas que dependem da interpretação que cada pessoa dá para o que está acontecendo. Desde culpa de São Pedro, até qualquer outro motivo, tudo é válido para justificar uma gastadinha a mais.
O problema é que essa gastadinha, multiplicada por milhões de pessoas que usam água na cidade pode ser a diferença entre o racionamento e o uso equilibrado e sensato da água, com ganhos para todos, pelo simples fato de não termos racionamento.
Podem dizer que se não chover em março, não tem santo que dê jeito e que aí tanto faz gastar um pouco mais ou não, porque o racionamento vem mesmo. Mas, será que é por aí?
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