Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

São José de Anchieta

[Crônica de 18 de abril de 2014]

Santidade é assunto para especialistas. Não é todo mundo que sabe ou entende por que o santo de ontem deixa de ser santo hoje, e o santo que não entrava na conta, de repente, sem milagre confirmado, é promovido de beato a santo.

Coisas da religião e da fé. Ou se acredita, ou se crê. Não tem terceira opção. Se tivesse, seria fácil.

Os mistérios existem para serem mistérios. A nós cabe aceitá-los ou não. É como acreditar em Deus ou num Deus. Os deuses não são mais que a representação humana do maior de todos os mistérios. A ideia de Deus é tão grande, tão fora da nossa dimensão, que temos necessidade de criar uma figura inteligível.

Existe um único Deus. E várias formas de representá-lo. A sua não é melhor do que a minha, nem a minha mais verdadeira do que a sua. Apenas uma serve a você e outra dá conforto pra mim. E o fantástico é que há milhares de anos o ser humano se mata porque seu Deus é melhor que o do outro.

Agora é a vez do padre Anchieta. Levou 400 anos para ele chegar lá, mas chegou. É verdade que no tapetão, com auxílio do Papa, que liberou um milagre.

Eu não sou doutor em santificação, mas me parece que o Papa agiu certo fazendo o que fez.

Os milagres de Anchieta vão muito além de fazer paralítico andar ou cego ver. Ele consolidou o diálogo entre dois povos, entendeu os índios, serviu de arrimo para a construção do Brasil. Isso, numa época em que não havia mil brancos em todo o território. Quem faz isso é santo escolhido por Deus. O Papa só ratificou o óbvio.

___

Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.