As paineiras no inverno
[Crônica de 11 de agosto de 2009]
Em abril e maio elas florescem. Encantam e enfeitam a cidade com suas flores cor de rosa, de diferentes tons, balançando nos galhos largos, em cima do tronco com espinhos.
Servem de contraponto para o voo dos sabiás, dos bem-te-vis, dos pardais e dos periquitos que buscam sua copa e pousam nelas para descansar protegidos pela muralha de suas flores. As paineiras são árvores mágicas que remetem ao passado paulista, quando as fazendas tinham pastos de capim gordura e elas surgiam soberanas, enfeitando a encosta de um morro.
Marcam rumos, ao lado da Ponte da Cidade Universitária. Apontam as trilhas do sul e do oeste, lembram Peabirus no rumo do Paraguai, para subirem por outras estradas até Cusco e os confins do império Inca.
Servem de aviso para os caminhoneiros que hoje demandam as estradas construídas sobre as antigas trilhas. E os alertam dos perigos dos caminhos e dos riscos para quem viaja apenas com a proteção de Deus.
São marcos sólidos fincados nas saídas da cidade. Ou, quem sabe, foram plantadas para impedir sua invasão.
Seja como for, a paineiras seguem seu ciclo e depois das flores, fingem que estão adormecidas, para no inverno, de repente, carregarem os galhos com frutos verdes, os casulos dentro dos quais escondem a paina e suas sementes, delicadamente embrulhadas nela.
É belo ver as paineiras com os frutos pendurados, feito enormes gotas, ou lágrimas. Cada planta tem seu jeito de proteger as sementes. Os frutos das paineiras são grandes, sólidos e resistentes. Nem parecem a continuação da delicada florada.
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