Um inferno chamado Vila Madalena
[Crônica de 21 de dezembro de 2009]
A Vila Madalena de manhã cedo está cada vez mais parecida com a Vila Madalena no final da tarde. Não sei se filosoficamente é bom ou ruim ou se ataca os conceitos metafísicos que dizem que ideal é tenhamos a mesma cara durante as 24 horas do dia. De qualquer forma, na prática, no nosso cotidiano, para quem passa no pedaço é a sofisticação dos círculos do inferno.
Lentamente, ao longo dos anos, o trânsito na Vila Madalena, nos finais de tarde, começou a andar mais devagar, mais devagar, até praticamente parar. Não vai, não volta, parece uma enorme sucuri tomando sol depois de comer uma capivara na beira do rio.
Gostaria de lembrar que as sucuris não estão cometendo crime ecológico, de acordo com a lei, elas podem comer capivaras, pacas e até seres humanos, sem infringir as normas vigentes, ou cometer qualquer tipo de crime.
Mas se as ruas da Vila Madalena parecem sucuris, a legislação ambiental não passou perto do pedaço. O resultado é muita fumaça, muita poluição e pouca qualidade de vida, num bairro que até alguns anos atrás parecia cidade do interior.
Há culpados? Há. Dois. O crescimento do número de veículos na cidade e as autoridades encarregadas do trânsito, ou seja, a CET.
Em outras palavras, estamos diante de um caso de ordem pública. Onde o poder público capricha no que faz bem: atrapalhar a vida do cidadão. No caso, a falta de sincronização entre os semáforos, somada com a falta de faixas nas ruas consegue superar as outras deficiências, reforçando a imagem de incompetência da CET, no país e no exterior.
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