A volta do vigilante rodoviário
[Crônica de 18 de julho de 2007]
Quem tem a minha idade e até um pouco menos, se lembra das televisões branco e preto com palha de aço na ponta da antena para melhorar a imagem. Eram imensos caixotes com perninhas finas, como era moda, ou então ditas portáteis, se bem que necessitassem dois homens fortes para darem conta de levantá-las.
A maioria das casas tinha um único aparelho, num lugar de destaque aonde a família se sentava para assistir, invariavelmente com a imagem com fantasmas, por conta da qualidade das transmissões.
É assim que nos vem à cabeça o Repórter Esso e o Mappin Movietone, com meu amigo o poeta Paulo Bomfim informando os fatos do dia. E vem também Roy Rogers, Zorro, Bonanza e Rin-Tim-Tim. E o Capitão Sete e o admirável Vigilante Rodoviário, e seu fiel cão Lobo, capaz de perseguir bandidos no meio do capim gordura que na época ainda margeava as estradas.
A roupa do Vigilante Rodoviário nunca serviu de fantasia de carnaval como a farda cósmica do Capitão Sete. A Polícia Rodoviária era séria de mais para nos permitirmos nos fantasiar com seu belo uniforme.
O Vigilante Rodoviário e seu fiel Lobo eram ídolos da molecada, ainda que dirigindo um possante Simca Chambord, um carro tão especial que um tio que tinha um precisava subir a ladeira perto da sua casa de marcha ré porquê de frente o motor não aguentava.
Pois pasme, o Vigilante Carlos, o verdadeiro e único Vigilante Rodoviário, ainda está vivo. O herói da nossa infância que com certeza não foi o herói da infância de muita gente que hoje está em Brasília, não só está vivo, como está bem e no dia 23 de julho lança um livro contando sua história, numa época em que o Brasil era mais puro.
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