A porteira do túnel
[Crônica de 8 de outubro de 2004]
Abriram o túnel Max Feffer no sentido bairro centro. É um túnel bonito, se bem que com algumas coisas estranhas, como a largura da pista que dá na avenida 9 de julho. Será que, desde que estavam lá embaixo, furando, não dava para ser um pouco mais larga? Tinha que ser espremida como ficou? É meio sem sentido, mas, enfim, é obra pública brasileira e o sentido, nelas, nunca foi muito importante. Que o diga um viaduto que ia de lugar nenhum para lugar nenhum, em cima da rodovia Anhanguera.
Mas o túnel tem dois problemas mais sérios do que a pista estreita, se bem que eles sejam sanáveis, enquanto a pista não tem mais o que fazer, a não ser em algum momento aumentar o túnel, o que também é uma solução ainda mais em ano de eleição.
Quem pega a alça da marginal do Pinheiros leva um tempão parado, até chegar na entrada do túnel, ou melhor, um pouco antes dela, num sinal de pedestre que embola tudo e complica a vida de quem não tem nada com ele e quer ir para Santo Amaro ou para a avenida dos Bandeirantes.
Porque não fizeram uma passarela de pedestre também é alguma coisa que só o planejamento municipal é capaz de explicar. Se é, que é!
E a coisa fica mais preta ainda na saída da avenida Europa. Ali não tem o que fazer, a não ser rir. Rir da falta de sentido de ter um sinal exatamente na saída do túnel. Menos de 20 metros depois dele acabar, tem o cruzamento da avenida 9 de julho e este sinal sempre foi dramático. Pois, pasmem, é nele que o túnel acaba.
Como o trânsito vai andar mais rápido é alguma coisa misteriosa. Alguma coisa tão desconhecida como um buraco negro. Se o sinal fecha para o trânsito escoar na saída, como vai andar na entrada?
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