5 séculos de Santa Casa

[Crônica de 18 de agosto de 1998]

É coincidência, mas coincidência boa a crônica número 1500 tratar dos 500 anos das Casas de Misericórdia de origem portuguesa espalhadas pelo mundo.

Foi em 1498 que d. Leonor,  rainha de Portugal, mulher de d. João II, inconformada com a morte do filho e do marido, decidiu que era tempo de dedicar-se aos pobres e menos favorecidos, instituindo a primeira Santa Casa de Misericórdia portuguesa, dando, com ela, início a uma das instituições mais belas da história do homem sobre a terra, e que, ao longo dos séculos frutificou no reino e nas colônias, atendendo os necessitados, independentemente de origem ou posição social.

No Brasil a primeira Santa Casa de Misericórdia foi a de Santos, fundada por Brás Cubas, o fundador da cidade. A de São Paulo surgiu logo depois da vila, e, dizem, foi a sua irmandade quem pagou a cera para as velas do velório de Tibiriçá, o grande cacique sem o auxílio de quem São Paulo não teria vingado.

A partir de 1715, através de seu hospital, foi ela o primeiro e único arrimo contra as doenças e epidemias que dizimavam a população paulistana. Foi atrás de seus muros de tijolos aparentes que surgiu a primeira faculdade de Medicina de São Paulo e foi esta faculdade que serviu de berço para a atual Medicina da USP. E foram seus irmãos que ao longo dos séculos zelaram pelos órfãos e pelos idosos.

Atualmente a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo responde pelo maior número de atendimentos da zona central da cidade. Seu hospital em Santa Cecília não para, oferecendo seus serviços a todos que a procuram, inclusive quando o governo se esquece de pagá-la.

E no Brasil a instituição das Santas Casas de Misericórdia se espalha por centenas de municípios, prestando os  melhores serviços para a comunidade.

É por isso que 15 de agosto deveria ser mais lembrado e comemorado, foi num 15 de agosto, 500 anos atrás que esta história começou.

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