Um progresso chega na praça
[Crônica de 27 de dezembro de 2001]
Só quem trabalha de sapato, ou usa sapato em vez de tênis, sabe o que quer dizer um bom engraxate e o bem que ele faz pra vida moderna.
Eu tenho, faz mais de vinte e cinco anos, um dos melhores engraxates da cidade. Já falei dele em mais de uma crônica, e falarei de novo em quantas outras eu tenha espaço. Eu sei o que é um bom engraxate, por isso sou reconhecido por estes anos todos em que ele tem dado um jeito nos meus sapatos.
Como se não bastasse, ele é dono de um dos últimos Willys Interlagos a solta pelo Brasil, o que por si só vale mais de uma crônica. Um Willys Interlagos é coisa séria, ainda mais quando continua andando, décadas depois de ter saído de linha.
Acho que tem pouca gente hoje no Brasil que sabe o que foi um Willys Interlagos, a máquina fantástica que ele era, na época em que os grandes carros de corrida brasileiros eram as carreteiras de Camilo Cristófaro e Emerson Fittipaldi mal e mal pensava em começar a correr de Kart.
Pois meu engraxate tem um, recondicionado e funcionando, tocado por um motor de fusca 1600 que deve levar o Interlagos a velocidades incríveis. Mas voltando pra vaca fria, ir para cidade ficou fora de mão. É raro ter que ir ao centro velho e só para engraxar o sapato não compensa. Eu estava com um problema…
Problema que se resolveu sozinho, com a chegada de um engraxate que eu ainda estou testando na praça Vilaboim. Ele foi importado por uma loja que resolve qualquer parada, de sola de sapato a botão de camisa, que se instalou lá.
Não sei se é tão bom quanto meu antigo companheiro do centro velho, mas… tomara que seja.
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