O ocaso de uma igreja
[Crônica de 26 de fevereiro de 2008]
São Paulo nunca foi generosa com suas igrejas. Desde o começo de nossa história a cidade sempre deixou seus templos ao abandono, não se importando muito nem quando eles caem.
Não é por outra razão que a imagem de Santo Antonio está na igreja de São Francisco, no Largo de São Francisco, e não na Igreja de Santo Antonio, na Praça do Patriarca.
Ainda antes de 1700 as igrejas da vila já padeciam de falta de recursos para se manterem. Em função disso, ante o desastre iminente que ameaçava a igreja de Santo Antonio, a imagem do santo, essa respeitada e venerada, foi transferida para o convento dos franciscanos por ser a ordem de Santo Antonio.
Nem mesmo o Pátio do Colégio, a igreja jesuíta tão importante para a cidade, escapou dessa sina, tanto que já caiu, vítima de abandono e de maus tratos, tanto que a que está lá, hoje, foi reconstruída mais ou menos há 35 anos.
Agora é a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco quem ameaça vir abaixo, devorada por cupins que infestam toda a construção.
A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco é uma das igrejas mais simpáticas e importantes da história de São Paulo. Pequena, apoiada na irmã mais rica e mais forte, é nela que estão enterrados alguns dos grandes vultos paulistas.
Laica, ela não pertence a igreja católica, mas a uma irmandade privada, que a ergueu ainda no século 17, e que tem o dever de mantê-la, como vem sendo feito há mais de 300 anos. Mas agora chegou sua vez. Fazendo dupla com a igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco também ameaça ruir.
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