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A poesia das violetas

O mundo natural é rico, duro e farto. Não dá tempo para olhar para o lado. É olhar e o predador aproveita, pula em cima e tchau para quem não prestou atenção. Não tem segunda chance, a luta pela vida é inclemente.

Mas se o mundo natural é cruel, ou melhor, duro, ele também é maravilhoso. A vida é maravilhosa, a natureza é maravilhosa, o universo é maravilhoso e a Terra não fica atrás.

Entre as maravilhas mais ricas do planeta, o mundo vegetal tem lugar de destaque. A quantidade de plantas de todos os tipos que vivem na terra e na água é impressionante. São milhões de formas e cores se multiplicando em figuras inesperadas, surgindo nas frestas das calçadas e nas matas mais fechadas, com a sem cerimônia de quem sabe que tem espaço garantido e que não só faz parte do sistema, como tem lugar especial, com a troca do carbono por oxigênio, em movimentos diários que se repetem e garantem a qualidade da atmosfera.

Desde árvores gigantescas, como as sequoias e os jacarandás, até musgos quase invisíveis, o mundo vegetal ocupa seu lugar no planeta, se espalha pela terra e desce até as profundezas do mar.

Flores de todas as cores e tamanhos, raízes gigantes, galhos entrelaçados, folhas verdes, folhas secas pelo chão, musgos e, no meio deles, pequenos animais que vivem da floresta, que habitam os campos e interagem com as plantas na difícil arte de viver.

Pode mais quem chora menos. Os orgulhosos jacarandás desafiam os ipês, que provocam as perobas e a mata se curva ao vento, até um raio derrubar um gigante e abrir uma clareira na floresta.

Enquanto isso, uma violeta, quase sem chamar atenção, esquecida num beiral de janela de cozinha, mostra pro mundo a poesia da sua flor.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.