A poesia das violetas
O mundo natural é rico, duro e farto. Não dá tempo para olhar para o lado. É olhar e o predador aproveita, pula em cima e tchau para quem não prestou atenção. Não tem segunda chance, a luta pela vida é inclemente.
Mas se o mundo natural é cruel, ou melhor, duro, ele também é maravilhoso. A vida é maravilhosa, a natureza é maravilhosa, o universo é maravilhoso e a Terra não fica atrás.
Entre as maravilhas mais ricas do planeta, o mundo vegetal tem lugar de destaque. A quantidade de plantas de todos os tipos que vivem na terra e na água é impressionante. São milhões de formas e cores se multiplicando em figuras inesperadas, surgindo nas frestas das calçadas e nas matas mais fechadas, com a sem cerimônia de quem sabe que tem espaço garantido e que não só faz parte do sistema, como tem lugar especial, com a troca do carbono por oxigênio, em movimentos diários que se repetem e garantem a qualidade da atmosfera.
Desde árvores gigantescas, como as sequoias e os jacarandás, até musgos quase invisíveis, o mundo vegetal ocupa seu lugar no planeta, se espalha pela terra e desce até as profundezas do mar.
Flores de todas as cores e tamanhos, raízes gigantes, galhos entrelaçados, folhas verdes, folhas secas pelo chão, musgos e, no meio deles, pequenos animais que vivem da floresta, que habitam os campos e interagem com as plantas na difícil arte de viver.
Pode mais quem chora menos. Os orgulhosos jacarandás desafiam os ipês, que provocam as perobas e a mata se curva ao vento, até um raio derrubar um gigante e abrir uma clareira na floresta.
Enquanto isso, uma violeta, quase sem chamar atenção, esquecida num beiral de janela de cozinha, mostra pro mundo a poesia da sua flor.
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