O tempo de um novo tempo

Uma bela manhã, sem aviso, o mundo mudou. O dia nasceu como nasce todos os dias, mas nasceu diferente, com alguma coisa a mais do que nas manhãs comuns, mesmo as mais belas.

Primeiro uma luz difusa espalhou-se pelo universo, depois, a luz foi-se firmando, tornando-se mais clara e mais firme, dando forma às formas em volta, fazendo mais nítido o quadro e mais próxima cada imagem.

Uma bela manhã a manhã surgiu do sonho, ou, como um sonho, ergueu-se lentamente, saindo da luz difusa se empalhando pelo mundo.

Em algum lugar, do lado de fora, o sol já é uma realidade, mas, dentro do quarto, ele se resume a um clarão entrando pelas frestas da janela

Um clarão que traz a notícia da mudança do mundo. Da nova cara do mundo, da cor alegre e do jeito mais suave e mais leve do meu mundo.

Meu mundo que nasceu como sempre, mas se abriu de outro jeito. Um jeito novo de ser mundo, de ser dia, de ser a fonte da vida.

De repente o peso das noites abafadas pelos medos do mundo deram lugar à luz mansa e amiga iluminando um novo mundo, com outra cara e outro jeito.

Outro mundo sem ilusões mas com todas as esperanças capazes de o fazer melhor e de me fazer melhor, e de fazer a vida melhor, e o dia mais alegre.

Outro dia, vindo depois de outro dia, desde o começo dos tempos. Outro dia com começo bom e meio diferente, sem os pesos terríveis que assustam os homens.

Acordado, iluminado pela luz boa do novo dia, lentamente me sentei e abri os olhos.

A luz do dia diferente brilhava diferente. Ela não entrava pelas frestas da janela. Ela nascia no próprio quarto.

A luz nascia de teu corpo adormecido ao meu lado. A luz se espalhava pelo teu corpo descoberto, como contraponto para teu sorriso, sorrindo em meu sonho.

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