Saga
Há mais de 500 anos Vasco da Gama chegava nas índias, completando um ciclo impressionante, começado na primeira metade do século 15 pelo infante D. Henrique, filho do rei de Portugal, e principal arquiteto da descoberta do mundo.
Logo depois da tomada de Ceuta, o infante, do alto do promontório de sagres, um dos pontos mais ermos de Portugal, lançou seus olhos sobre o atlântico infinito e decidiu que o mar oceano seria português.
Começava nos olhos do príncipe a maior aventura do homem sobre a terra: resgatar das lendas e das brumas marinhas dois terços do mundo, adormecidos embalados pelas ondas, longe dos olhos da Europa.
O princípio foi a costa da África. Para bombordo que até hoje significa o lado esquerdo dos navios, era o lado que as tripulações das caravelas olhavam, procurando terra, procurando água, navegando por mares estranhos, onde, diziam, os monstros brincavam de comer as naus.
Mas, a África seguia latitudes abaixo, e buscando contorná-las, mais para baixo ainda desciam os navios portugueses, levando Gil e Duarte, Diogo e Bartolomeu, aos confins do mundo, para descobrirem que a terra era redonda e flutuava no espaço, como os sonhos, por entre as estrelas.
Cada volta demandava uma nova partida e sempre para diante, para diante, seguiam as caravelas das quinas, cravando as marcas Del Rei nas costas da terra.
E foi a África, e foram as índias, e foi o Brasil, e a China, e o Japão e as ilhas malucas e as terras todas onde o ouro e as especiarias esperavam por eles, para conquistarem a Europa, para corromperem a Europa, com os mistérios de todas as fantasias que se mostravam reais e onde a fortuna os aguardava para recebê-los em sua cama de ouro e plumas.
Onde a fantasia os aguardava para devolver-lhes os tormentos humanos e luta insana para fazer uno o mundo. E o brasil é o fruto de ouro do jardim português.
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