Chuvas de verão
Tanto faz o ano, de um jeito ou de outro, as chuvas de verão entram em cena e entram pesadas, trazendo, junto com os pingos, os estragos causados pela água nas mais variadas regiões do Brasil.
Um ano é na Serra do Rio de Janeiro, outro é em Blumenau, outro nas ruas de São Paulo, depois Belo Horizonte e por aí a fora, sempre causando o máximo de danos, matando e destruindo com a sem cerimônia de quem sabe que é mais forte e que não tem jeito de ser contida.
Este ano a calamidade começou no sul da Bahia. Zona de festa, sossego, tranquilidade, férias gostosas, em resorts maravilhosos, nos quais a vida corre mansa, regada a cerveja e água de coco.
A chuva caiu dura, impiedosa e arrasou o que encontrou pela frente, entristecendo o ano novo de milhares de pessoas, que já tinham pouco e perderam tudo, levado pela força das águas dos rios engrossados pela água da chuva caindo como se São Pedro abrisse as torneiras do céu.
Mas não é só o sul da Bahia que sente na pele a força das chuvas de verão. Minas já experimentou e São Paulo teve até trilhos de trem cobertos pela água que sobe porque não tem para onde escorrer.
Entra ano, sai ano, é sempre a mesma coisa. Varia o lugar e a intensidade. No geral o quadro é o mesmo, com pessoas com o olhar perdido e lágrimas nos olhos porque perderam o que tinham e o que não tinham, inclusive amigos e parentes, mortos pela enxurrada que leva o que encontra em seu caminho, ou pelas encostas encharcadas que deslizam sobre as casas adormecidas.
Não há o que fazer. Enquanto o tema não se tornar prioridade, não há o que fazer. As tempestades de verão continuarão a cobrar seu preço, a matar e a destruir, não porque sejam castigos para nossos pecados, mas porque as pessoas não têm outro lugar para ir.
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