Teu olhar

Os olhos são os espelhos da alma e refletem os instantes da vida como as águas de um lago espelham os movimentos do mundo. Agitado, reflete sincopadamente o brilho metálico do sol anunciando a tempestade.

Calmo, serve de berço para o brilho tranquilo da lua cheia que adormece em suas águas, embalada pelo cheiro suave de um jasmim florido numa noite de primavera.

Inconstante, muda ao sabor do vento que gira no meio dia de um dia de verão carinhoso, recebe em suas margens as pequenas ondas que são a última lembrança do suicídio das pedras.

Como os lagos, os olhos guardam segredos que se escondem por de trás de suas águas.

Como os lagos, os olhos preservam seus segredos de várias maneiras. mas, como as águas, eles trazem num brilho breve a lembrança escondida no mais fundo, no canto mais escuro, onde só as vezes ela é visitada, seguindo um ritual de carinho e acalento, que a preserva do mal do mundo e depois a deixa, de novo adormecida, ser parte do todo.

Segredos que se escondem pedindo para serem desvendados, para serem compreendidos, para serem repartidos.

Teus olhos são os olhos do mundo, os olhos dos lagos, neles o brilho é o reflexo da vida, que passa como o vento, trazendo na sua passagem a salsugem do mar e o cheiro dos galhos das árvores onde os pássaros lhe contam o que viram.

É por isso que eles falam de terras distantes e brilham a luz de outras luas, brilhando em noites sem lagos.

É por isso que eles falam de outros sonhos, mais ricos do que os mais ricos tesouros, onde o bem vence no fim e ser herói ainda é fácil.

Teus olhos… teus olhos contam tantas coisas que se transformam em imãs e prendem a minha vontade.

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