A modas mudam
Durante décadas, o sonho de consumo era ter um automóvel. O ideal era um carro zero, mas, se não desse, qualquer automóvel servia, desde que funcionasse.
A força do desejo era tão forte que em volta do automóvel havia toda uma indústria de acessórios com objetivo de fazer o seu carro o carro mais desejado do mundo ou o mais bonito ou o mais incrementado.
As rodas originais eram rapidamente substituídas por outras que na troca trocavam junto os pneus. Muito mais legal rodas de tala-larga, com pneus radiais especiais, com banda assim ou assado e aro assim ou assado, saindo para fora dos para-lamas.
Tinha os que rebaixavam as suspensões e os que abriam os escapamentos, tirando o silencioso para aumentar o barulho e dar a sensação, de olhos fechados, de que o carrinho não era um minguado fusca com menos de sessenta cavalos, mas uma máquina importada, capaz de atravessar os alpes a mais de cento e oitenta por hora.
Os equipamentos de som se democratizaram com os toca-fitas cassetes. As marcas variavam, a qualidade do som também, mas, para um som legal, eram precisos dois alto-falantes ovais atrás, dois redondos nas portas e tweeters na frente e atrás para garantir a qualidade do agudo.
Mas as modas andam e passam. Os carros melhoraram, ficaram mais potentes e mais seguros, mais confortáveis, mais equipados, mas aos poucos foram deixando de ser sonho de consumo.
Hoje, quando muito, são objetos necessários porque sem eles não dá para tocar a vida, carregar a tralha dos filhos, não perder a hora em viagens mais ou menos longas, etc.
Os jovens não fazem questão nenhuma de terem automóveis, ao contrário, os sonhos de consumo são completamente diferentes.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.