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Os motoqueiros destrambelham

Existe uma enorme diferença entre motociclista e motoqueiro, com um grande ganho de qualidade para o primeiro, que costuma ser um ser civilizado, ao contrário do segundo, que está invariavelmente mais para mau selvagem do que para qualquer outra coisa.

O traço que os distingue é simples: um motociclista é um cidadão que anda de motocicleta respeitando as regras mínimas de trânsito e de segurança, ao passo que um motoqueiro é um estafermo que destrambelha rua abaixo, ou acima, dependendo do ponto da cidade, como se fosse salvar o pai da forca e a mãe da fogueira.

O resultado é que a cada dia que passa acontecem mais acidentes envolvendo motoqueiros, sendo que um bom número deles com resultados tristes para os heroicos cavaleiros urbanos, que acabam no chão, graças a deus no mais das vezes apenas com escoriações mais ou menos sérias, e só raramente com ferimentos graves, e mais raramente ainda, mortos.

O que não tem graça nenhuma é a forma como eles ultrapassam os carros, sem respeitar absolutamente nada, nem mesmo as leis de física que dizem que é impossível dois corpos ocuparem o mesmo lugar no espaço.
de repente, surgida do nada, ou das sombras, la vem ela, alucinada, com seu ronco agudo, fumegando como um vulcãozinho explodindo, disposta a afrontar o bem e o mal, ninguém sabe por conta do que.

O certo é que passam raspando por todos os lados, inclusive a frente, desafiando a sorte por conta da boa vontade dos motoristas que no mais das vezes brecam, evitando uma tragédia perfeitamente sem sentido.

Em algumas ruas a cena é de filme, com dezenas de motoqueiros, um atrás do outro, normalmente ladeira abaixo, impelidos pela mesma fúria que fez Átila destruir a Europa e a irresponsabilidade de um idiota que coloca a vida em risco por um pedaço de chocolate.

A situação tende a se agravar com danos para todos: para os motoristas pelos espelhos, amassos e processos e para os motoqueiros, pela própria morte.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.