O ruim é muito pior
Seria razoável esperar que uma distribuidora de energia elétrica, depois de uma forte tempestade de verão, tivesse problemas com uma rede de distribuição parecida com a rede de São Paulo, onde milhões de fios se misturam, amarrados a milhares de postes de norte a sul e de leste a oeste.
Queda de árvores, ventos fortíssimos e outras intercorrências podem atingir a rede, arrebentar fios, quebrar a distribuição, atingir geradores e transformadores, numa sequência além da capacidade humana.
Seria razoável esperar algo assim. Raro de acontecer, mas possível, nos dias de tempestades fora da curva, mais fortes do que as tempestades mais fortes, comuns nos meses de verão. Faz parte do jogo. Só que, ainda que a distribuidora seja responsável pelo estado lastimável da rede, ela não faz nada porque ganha dinheiro ao alugar seus postes a outros distribuidores tão ruins quanto ela.
Mas a distribuidora em questão se supera e consegue a façanha de ter a energia interrompida quando não tem nenhum fator atípico ameaçando seus postes e fios. Basta uma nuvenzinha mais acinzentada, ou nem isso, e pronto! A energia acaba, antes do vento, antes da chuva, antes de qualquer antes que poderia interferir no sistema.
A coisa é tão complicada que a energia acaba inclusive porque a distribuidora desliga a força de um ou mais quarteirões sem aviso, sem comunicação, num belo dia em que dá na veneta de seus administradores.
“Bom, hoje vamos trabalhar em Capão Redondo.” Pronto! Desligam a energia. “Hoje vamos no Butantã.” Pronto! Desligam a energia. “Amanhã vamos ao…” Os moradores de todas as partes da cidade começam a tremer com medo do que pode acontecer.
Ok, que seja assim. Está tudo errado, mas fazer o quê? Minha única dúvida é se os diretores da empresa conseguem dormir o sono dos justos…
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