A apologia da mortadela
Ao longo de sua história o homem foi se sofisticando e sofisticando a sua forma de viver. Das frias e escuras cavernas para as palafitas, das palafitas para casas de pedra, das casas de pedra para os palácios e dos palácios para o projeto Cingapura, nós podemos observar um claro processo evolutivo, nem sempre para melhor.
O mesmo acontece com a comida. Da carne crua, arrancada a dentada das carcaças dos animais mortos, passando pelos frutos colhidos das árvores, o paladar humano avançou com o passar dos séculos para pratos tão inacreditáveis quanto o hamburger, que se consolidou neste final de milênio como a melhor coisa do mundo.
É verdade que este processo descobriu também delícias tão inacreditáveis quanto o escargot, ou tão improváveis quanto o rabo dos jacarés.
E que consolidou frutinhas e folhinhas de todas as cores e gostos, que combinam com outras frutinhas ou folhinhas, ou com carnes vermelhas e brancas, fazendo a delícia dos que gostam de comer bem, mesmo não existindo uma unanimidade sobre o que isto seja.
Salmão defumado, salmão fresco, carne maturada, carne fresca, bife mal passado, arroz, feijão, batata frita e dois ovos estalados… o paraíso pode estar mais perto do que se pensa!
As alternativas são quase infinitas e as possibilidades só são limitadas pelo poderio econômico do interessado. Existem pratos que custam um tesouro e outros que valem até mais. O importante é conhece-los, prová-los e depois dormir.
Injustamente esquecida, ausente de qualquer rol das comidas sofisticadas do mundo, há uma delícia que só vem à cabeça dos gourmets no momento em que eles a comem, ou quando sentem o seu cheiro único.
Quem sabe seja esquecida em razão do preço, quem sabe porque é modesta por natureza, mas o fato insofismável é que não há ninguém saudável que não adore um bom sanduíche de mortadela.
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