Pet é coisa cara

Pra quem acha que não, outro dia a Clotilde precisou ir ao veterinário e confesso que assustei com o total da conta. Foi mais caro do que uma criança no pediatra e não fizeram nada muito além de examinar rapidamente e aplicar uma injeção para dor.

Pet deixou de ser um cachorro ou um gato para virar um novo membro da família, com direito a artigo de luxo em todos os campos e tratamento vip no veterinário e outros prestadores de serviços que trabalham com animais.

Pode mais quem late menos. Pra quem não tem muito como se virar e aproveitar do bem bom da vida, o jeito é meter a garganta no mundo, latindo e uivando feito lobo em noite de inverno.

Os bens aventurados desfilam em grandes SUVs importados, com motorista dirigindo, enquanto S.Exa. segue impávido, deitado no colo de alguém especial, encarregado de dar conta do rei do pedaço.

Diz a lenda que, em Roma, na decadência do império, cenas como essa eram normais e tem também, no começo, o cavalo do imperador Calígula que virou senador.

Se a moda pega ninguém sabe o que vai acontecer, mas imagine o Congresso ocupado por cavalos, jumentos, burros, touros, bois e vacas aos relinchos e mugidos dividindo os dois plenários.

Enfim, como no Brasil tudo é possível, não deve demorar muito para criarem a associação nacional dos animais de estimação, com fortes ligações com bancadas à esquerda e à direita.

Lá eles terão plano de saúde top de linha, mas como ainda estou no mundo real e a Clotilde não tem plano de saúde privado, o jeito foi morrer com a conta, sem reclamar ou fazer cara feia. O preço é esse e acabou. Se o seu médico cobra menos, o problema é dele, cada um sabe quanto vale e como cobra. Veterinário não é diferente, se tem mercado, está certo cobrar.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.