O resultado é preocupante
Macron ganhou. Que bom que Macron ganhou! Ufa! Neste momento difícil da história, é bom saber que o bom senso prevaleceu e que a moderação se manteve no poder num dos principais países do mundo.
Eu não sou particularmente fã do presidente francês, mas, entre ele a extrema direita ou extrema esquerda, que bom que ele ganhou. Os franceses deram prova de maturidade, aliás, algo que eles costumam ter, pelo menos quando o assunto é a vida na França.
Mas a vitória de Macron precisa ser lida de forma ampla e aí o resultado não é tão bom quanto parece. É verdade, ele ganhou com quase 59% dos votos, numa eleição onde perto de 30% dos eleitores não foram votar. É aí que estão as pegadinhas.
Numa situação normal, os votos dados ao presidente são mais do que expressivos. 59% dos votos de uma eleição no segundo turno seria para carimbar o crachá e deixar o vencedor mais do que contente. Mas nós não tivemos uma eleição comum.
E a extrema direita teve 42% dos votos válidos, numa eleição onde quase 30% dos franceses não foram votar, mandando o recado acachapante: tanto faz um ou outro, os dois são ruins e não são tão diferentes.
É a maior votação da extrema direita desde o fim da segunda guerra mundial. É uma votação expressiva e que vem crescendo eleição a eleição. E é isso que preocupa.
Um bom número de países vê a direita reacionária ganhar espaço. Hungria e Polônia seriam os exemplos mais evidentes, mas não os únicos.
Trump fez estrago nos Estados Unidos, a Itália tem a extrema direita muito ativa e o Brasil não está fora da rota. A eleição francesa dá o que pensar e a conclusão é complicada.
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