Os ipês do cemitério São Paulo
Bem-aventurados os mortos enterrados no Cemitério São Paulo, é deles a florada de ipês mais bonita da cidade.
São Paulo tem uma das mais belas coleções de ipês urbanos do mundo. Temos ipês deslumbrantes florindo ao longo destes meses com a sem cerimônia de quem sabe que é único e especial. De pequenas árvores começando a vida em sua primeira florada, normalmente com poucas flores e muito empáfia, a grandes árvores como o ipê amarelo da Santa Casa, os ipês fazem a festa de maio a outubro, numa parceria em que o grande beneficiário é o ser humano.
Os ipês amarelos são a árvore símbolo do Brasil. Porque eles e não outros eu não sei dizer, mas neste momento coloco em dúvida o acerto da escolha. Os ipês roxos do Cemitério São Paulo são uma festa para os olhos e uma singela homenagem às milhares de pessoas enterradas em seu solo sagrado.
É verdade, o Cemitério do Araçá tem ipês deslumbrantes, com destaque para um colado ao muro da Rua Cardoso de Almeida. Também é verdade que o Cemitério da Consolação tem ipês maravilhosos. Meu tio Ruy está enterrado debaixo de um deles e no seu enterro a árvore estava florida, numa última homenagem ao grande jornalista.
Mas, ainda que se esforçando, ainda que dando o sangue, Araçá e Consolação não chegam perto da fartura, da pujança e da beleza das árvores do Cemitério São Paulo.
Vista de cima da Vila Madalena, sua grande área coberta de flores faz a diferença, alegra o dia, mostra que a beleza é parte da vida e nos força à comparação com os desmandos que vão sendo praticados em nome de ganhar as eleições.
Guardadas as proporções, parabéns, Senador José Serra, você é o único ipê florido entre as pragas do Congresso Nacional.
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