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O colapso

[Crônica do dia 20 de março de 2001]

Daqui no máximo duas semanas São Paulo vai parar. O argumento que tem mais carro do que rua é muito bom, mas faz tempo que é assim e o trânsito nunca esteve tão ruim como está agora. Nem no final da administração passada, quando a queda de eficiência da CET aparecia em cada cruzamento, a coisa ficou como está.

É verdade que a CET era a única coisa que funcionava na prefeitura passada, mas, como até agora a administração da D. Marta ainda não conseguiu reverter em profundidade nenhum dos quadros tristes que lhe foram deixados de herança, com os buracos mais buracos do que nunca, com o mato mais alto
do que nunca e com as noites cada vez mais escuras, porque ninguém troca uma única lâmpada nos postes da cidade, a CET desmoronar é uma bandeira que cai na hora errada, porque, para o povão, há pouca diferença entre dois governos, pelo menos enquanto ele não sente na pele a mudança.

E a mudança, com a queda da CET, tem sido para pior, com a perda do controle, de uma só vez, dos caminhões que entram na cidade pela rua Camargo depois da sete horas da noite; dos semáforos inteligentes ou não, que só fazem o que querem e o que eles querem não é o que a população quer; e dos marronzinhos, que quando aparecem, estão batendo papo num canteiro da vida, ou multando desbragadamente, em vez de por ordem no caos.

O resultado é que o caos vai ficando com cara de caos e as pessoas vão acreditando que o caos é o caos e ai ninguém respeita mais nada, como já está acontecendo, com os absurdos mais loucos do mundo se sucedendo em todas as esquinas e cruzamentos, na mão e na contramão, na cara dura gerada pela falta de paciência e de educação de parte dos motoristas que, vendo – e sentindo na pele – a falta de pulso da CET, simplesmente fazem o que lhes passa na cabeça, piorando irremediavelmente o que já está muito ruim.

É um círculo vicioso que se continuar vai parar a cidade e comprometer a imagem da prefeita.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.