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Uma nova teoria

[Crônica do dia 13 de setembro de 2010]

Durante muito tempo eu aceitei a teoria de que os pernilongos eram animais autóctones, saídos da Mata Atlântica com a missão atávica de nos infernizar a vida.

Mais que isso, aceitei e acreditei piamente que depois de um certo tempo de indefinições, coisa de 20 anos atrás, tinham chegado a um acordo com altas autoridades para que fosse utilizado contra eles um produto que parecesse veneno, mas que não lhes causasse dano algum. Pelo contrário, o ideal seria um esguicho de vitaminas balanceadas.

E que este acordo vinha sendo regularmente renovado, com todos os envolvidos, a saber, os próprios pernilongos, os fabricantes do hipotético veneno, os borrifadores do produto e as altas autoridades, contentes e satisfeitos com os resultados, ainda que esta não sendo a posição da maioria dos eleitores.

Por conta do folclore, eu dava como certo que a aproximação entre os pernilongos e os representantes do poder havia sido costurada num longo trabalho de bastidores pelo imperador dos Jacarés.

Personagem que ganhou notoriedade ao enviar seus súditos Rio Tietê acima, com a missão de levantar a melhor rota para atacarem o prefeito de São Paulo, e se possível devorá-lo, abrindo espaço para a tomada do poder pelo democrático soberano, que adotaria o Manual Bolivariano de Democracia e Perpetuação no Poder.

Mas parece que nada disso é verdade. Ou pelo menos está circulando uma nova teoria que afirma que os pernilongos são chineses disfarçados de mosquitos com a missão de tomarem conta do mundo sem os norte-americanos perceberem. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas pela quantidade, a teoria tem boa chance de ser verdade.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.