De lá para cá
[Crônica do dia 19 de maio de 2010]
Quantos Julinhos, Manés, Antonios, Zezinhos, Fernandos, Rodrigos, Franciscos e mais centenas de milhares de brasileiros trocaram o campo pela cidade nos últimos 40 anos?
Provavelmente a conta chegue fácil na casa dos muitos milhões. É só pegar as estatísticas e ver o movimento da população. O crescimento acentuado da massa moradora das cidades e a diminuição progressiva do total de gente no campo.
Quantos deram certo? Quantos quebraram a cara, mas ficaram com vergonha de voltar? Quantos se mudaram de novo, em busca de outros sonhos ou mais vitórias?
Quem viu o Brasil de ontem e vê o Brasil de hoje se depara com dois países opostos. O de ontem eminentemente rural, o de hoje absolutamente urbano.
Tão urbano que já existem passeios turísticos para mostrar para as crianças da cidade o que é uma galinha, um potro, um bezerro.
Elas nunca viram animais domésticos, o que dizer dos animais selvagens. Tirando os mais famosos que têm lugar cativo nos zoológicos, os outros são ilustres desconhecidos.
Que criança de cidade já viu um lagarto? Uma jararaca? Uma paca ou um tatu? Mais simples ainda, quantas sabem que um sabiá laranjeira é primo do sabia da campina?
Quantas viram uma boiada caminhando lentamente no pasto, num depois de almoço de dia de verão?
A cidade esconde o pôr do sol de largos horizontes, não permite que se acompanhe a descida do sol ouvindo a Ave Maria bater num sino de capela de colônia. Mas isso é outra história. Mais bonita? Não sei.
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