É hora de pensarmos uma cidade melhor
[Crônica de 16 de maio de 1997]
É hora de pensarmos uma cidade melhor, mais humana, menos agressiva, mais verde e mais amiga, onde nossos filhos, e os filhos dos nosso filhos, possam brincar e, quando ele também tiverem filhos, se orgulharem daquilo que nós deixamos para eles.
São Paulo fugiu ao controle e como um robô desgovernado, ou melhor, como um tanque de guerra andando sozinho, vai causando estragos de monta para todos os lados.
Planejamento aqui virou sinônimo de caos. Não há e quando há ninguém respeita.
No mundo inteiro a lei foi feita para ser alterada, aqui a lei foi feita para ser quebrada. O resultado é que você dorme com um casal de velhinhos como vizinhos e acorda com uma discoteca pós-punk ensandecida, urrando o último grito de guerra sabe deus de que tribo perdida em vênus, como se as trombetas de Jericó viessem anunciar o fim do mundo.
o respeito pelo sol, pela luz, pelo direito de ir e vir é piada. O único direito que se impõe é direito da força, ou da ameaça.
O resultado é o medo que gera mais medo, que gera violência, que gera mais violência, num círculo vicioso infindável, que agrava a qualidade de vida, como se nós estivéssemos na terra para viver mal.
A prefeitura, certa ou errada, acaba de dar o primeiro passo para a discussão de como deve ser São Paulo depois do ano 2000. Até lá o cenário está desenhado e não é bonito.
Adensar ou não adensar, eis a questão. O bom senso fala que não adensar seria o lógico, mas outro bom senso fala que adensar é que seria o lógico. Qual dos lógicos é o que nos interessa?
São Paulo está saturada. As ruas não andam, as calçadas não andam, os elevadores não andam, enquanto a vida passa correndo, rindo da nossa cara.
É hora de mudar isto. É hora de reencontrar o espírito que fazia de São Paulo uma das cidades com melhor qualidade de vida do Brasil.
É hora do futuro ser repensado para garantir aos nossos filhos uma vida melhor.
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