Fim do suplício?
Os são-paulinos sabem: 2022 foi um ano com duas lições muito importantes. A primeira é que o clube apresentou um dos piores times de sua longa e gloriosa história. E a segunda que, se não tomar cuidado, vai acontecer tudo de novo, como aconteceu em 2021 e em 2022.
Mas toda moeda tem dois lados, então tem mais. Se pode melhorar, pode descer a ladeira e entrar na segundona – parece que um antigo sonho dos dirigentes do clube. Este ano foi por pouco, mais por mérito dos outros times, que são quase tão ruins quanto o São Paulo e que facilitaram as coisas, perdendo jogos impossíveis.
Ser são-paulino desafia o bom senso. Chega perto da paranoia, por isso a fé é o que nos move. E em nome da fé somos sempre capazes de acreditar que o ano que vem dá e perdoar os que nos fizeram mal, especialmente os responsáveis por tudo de muito feio mostrado em campo nos jogos do time.
Tem gente que vai dizer que estou exagerando, que não foi bem assim. Ainda bem que esquecemos rápido e mudamos a ordem das coisas em nome do bem comum e da felicidade que, se não acontece aqui, pelo menos embala o sono e embeleza a noite de milhares de torcedores que já esqueceram a vergonha que passaram.
Tem quem diga que o São Paulo é o time da fé. É verdade, mas por outro lado, é o time da teimosia. Sentimento que, aliás, se confunde com a fé, em tudo de ilógico e dogmático que permeia os dois caminhos.
Ser são-paulino seria, até pouco tempo atrás, sofrer as penas do inferno vivendo na terra. Não sei se se pode dizer isso assim, dessa forma, crua e dura. Pode ser que tenha quem defenda o inferno e ache que lá não é tão ruim e que o diabo merece uma releitura, porque foi difamado sem razão por alguns milênios. Sei não, só sei que ser são-paulino é complicado.
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