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A estupidez custa caro

O Brasil não precisa desmatar a Amazônia. As razões são as mais variadas, mas algumas merecem destaque. A primeira é que não precisa. Nós temos terras agriculturáveis de sobra. Basta resgatar as pastagens deterioradas e dobramos a capacidade de produção de alimentos.

A segunda é que o desmatamento interessa economicamente aos madeireiros ilegais, que devastam a floresta, não pagam impostos e destroem milhares de hectares de matas para retirar um número insignificante de árvores que são vendidas no mercado internacional, que faz de conta que é contra, mas compra toda a produção.

O que foi feito nos últimos quatro anos foi completamente sem sentido. O principal resultado é que o Brasil, de líder das ações pela proteção do meio ambiente, se transformou no pária do mundo, porque nossa imagem ficou totalmente chamuscada pela fumaça das queimadas que tomaram as telas do planeta, dizendo que os culpados pelas mudanças climáticas são os brasileiros.

Como se não bastasse, a devastação da floresta muda o sistema de ventos e de chuvas que saem da Amazônia em direção ao sudeste e ao sul e modifica as chuvas na região, impondo um regime pluviométrico cruel, responsável pelas maiores secas em muitas décadas.

Finalmente, acreditar que os outros povos são bonzinhos é não ver o noticiário internacional. Os combustíveis fósseis seguem sendo queimados em todas as partes, começando pelos países que doam a grana do fundo da Amazônia. Para mostrar o pragmatismo internacional basta lembrar que a Alemanha está reativando suas termoelétricas movidas a carvão.

Resumindo, não destruir a Amazonia é bom para o planeta, bom para o Brasil, bom para todos, mas não imagine que seremos os heróis do mundo. Os outros querem que a gente se dane. Primeiro sempre vêm eles.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.