A boçalidade cobra seu preço

A radicalização atingiu tal ponto que agora é comum vermos publicações de todos os tipos com idiota, imbecil, mentecapto, traidor e outras boçalidades desse calibre sendo usadas não para inimigos figadais, outras torcidas de futebol, gente que a gente detesta, não. Estão sendo usadas no trato familiar, tipo, meu irmão é um imbecil, meu primo é uma anta, minha tia não tem nada na cabeça ou minha mulher é uma traidora, como já me contaram que aconteceu e, para falta de sorte do marido, ela ouviu porque ele não tinha desligado o celular.

E a coisa piora quando se trata de amigos, amigos da vida inteira, pessoas que cresceram juntas, trocaram figurinhas por mais de meio século e, de repente, viram idiotas que vão se arrepender, vão pagar o preço de terem feito bobagem, de terem votado no outro.

Guimarães Rosa escreveu que “Todo mundo é de alguma forma inteligente”. E ele estava certo. Todo mundo é de alguma forma inteligente. Quando alguém começa a achar que só ele é inteligente, que só ele conhece o caminho e a verdade, está na hora de parar o mundo, descer e fazer uma profunda autocrítica. Tem alguma coisa fora dos eixos.

Não é assim que se vive bem. O jornalista Thomas Souto Correa tinha na porta da casa dele uma placa que dizia “Viver bem é a melhor vingança”.

É verdade, é bom viver bem e nada deixa o invejoso mais triste do que ver você vivendo bem. É como se ele recebesse um soco na boca do estômago, como se a linguicinha que ele comeu ontem no jantar caísse com o peso de um elefante e não tivesse antiácido para curar a azia.

Minha gente, vamos ter calma, compostura, humildade e boa educação. Não é no grito e no desaforo que as coisas se resolvem. O Brasil está numa enorme enrascada e o mundo está numa enrascada maior ainda. Se der tudo errado, quem vai pagar a conta somos nós.

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