As goiabas estão chegando
As goiabeiras estão começando a entregar suas cargas. Umas mais, outras menos, a questão é saber quais conseguirão superar a praga que ao longo dos anos veio se infiltrando na Cidade Universitária e no ano passado caiu com a violência de um furacão, liquidando a safra, com os frutos tomados por ela escuros e sem chance de amadurecer.
Não sei que praga é esta, nem de onde veio, só sei que chegou com a brutalidade das forças sem controle, disposta a fazer a festa e dar um fim na safra de goiabas que todo os anos, faz muitos anos, enche as goiabeiras da USP e faz a alegria de quem anda por lá – humanos e não humanos.
Comer goiaba no pé é voltar no tempo, redescobrir a infância. Pouca coisa é mais lúdica do que comer goiaba no pé. Pouca coisa é mais veemente do que o cheiro das goiabas, o cheiro adocicado e peculiar das frutas abertas a mordidas.
Pouca coisa é mais típica e mais infância do que os bichos de goiaba que às vezes são encontrados dentro do gomo, vermelho ou branco, o vermelho o mais famoso.
Mas se o vermelho é o mais famoso não é porque ele é mais gostoso, é porque é mais comum. Na USP tem uma goiabeira branca que dá – ou dava – frutos deliciosos. Eu não conto qual é para, se a praga não chegar primeiro, eu ter a chance de comer meia dúzia das goiabas brancas deste pé especificamente.
Porque tem outros. Tem muitos outros, começando pelo grupo de goiabeiras no caminho para a Raia de Remo. Suas goiabas, se não forem massacradas pela praga, valem a viagem, valem agarrar os galhos e puxá-los para baixo e colher as goiabas.
A USP no verão pode ser festa, pode ser a casa das goiabeiras. Tomara que, por alguma arte do destino, a praga não ataque as frutas.
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