Os caminhões nas marginais

[Crônica do dia 16 de agosto de 2007]

Eu poderia pegar os chavões de sempre e dizer que são os caminhões de Santa Catarina ou com placas de Santana de Parnaíba, mas não seria verdade. O problema é muito mais extenso, mais denso e mais cruel. Passa por um número imenso de caminhões das mais diferentes origens, que trafegam pelas marginais todos os dias.

Nesta linha de raciocínio, eu diria até que o trânsito ruim, que é marca registrada das marginais, é uma benção ou proteção, mandada por Deus para reduzir o número de acidentes que matam ou aleijam nas pistas largas das avenidas à beira rio.

Se o trânsito fluísse todos os dias com a rapidez dos finais de semana com certeza a contagem das vítimas de acidentes de trânsito em São Paulo fecharia com resultado muito pior.

Bem aventurados congestionamentos que nos dias de semana não permitem aos desabotinados motoristas de caminhões trafegarem com suas máquinas de matar gente engatadas e na velocidade certa para causarem o máximo de dano no mínimo de espaço.

Mas nos finais de semana eles se vingam, como um que andava pela marginal do Pinheiros no último domingo. Ele chegou na ponte Eusébio Mattoso acelerado, passou por baixo dela mais acelerado ainda, para chegar na ponte Cidade Jardim feito uma vaca brava que se precisasse brecar não pararia.

Quem tem juízo sai da frente, quem tem sorte escapa do ataque, porque é assim que o motorista se vê: como se seu caminhão fosse o avião do Barão Vermelho e o carro à sua frente fosse um caça inglês nos céus da França de 1917. Mal dá tempo de entregar a alma a Deus. Ou ler o nome do dono do caminhão na sua lateral.

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