A sanha das faixas no chão
[Crônica do dia 10 de dezembro de 2013]
Nas últimas décadas, São Paulo teve administrações de todos os feitios. Muito boas, boas, não tão boas e ruins. No primeiro grupo caberiam os prefeitos Figueiredo Ferraz e Olavo Setubal. Nos outros, seria temeridade citar alguém, afinal tem muita subjetividade envolvida.
Mas vale lembrar que já construíram pontes para a passagem de porta-aviões nucleares, túneis que de verdade são piscinões, ruas que não vão a lugar nenhum, viadutos que demoraram décadas para ficar prontos, encheram túneis de água, superfaturaram obras de todos os jeitos, pararam o que já estava quase pronto e por aí vamos, com gente vendendo bacorinhos e leite de cabra em plena Praça do Patriarca, camelôs nos lugares mais alucinados, moradores de rua dormindo em todos os lugares, desde que longe dos olhos da mídia, etc.
A lista seria infinita, com amplo espaço para as mazelas do trânsito, comandado no dia a dia por uma organização tenebrosa, que, ninguém sabe o porquê, decidiu, faz tempo, enlouquecer a população.
Se sozinha a CET era quase imbatível, com o auxílio direto da Prefeitura ela será insuperável, deixando a Infraero para trás na batalha pelo título de a mais incompetente organização pública brasileira.
Não fosse o resultado parar a cidade, seria para aplaudir, saudando a nova visão administrativa por garantir a primeira posição para uma invenção da própria cidade, quando administrada por um prefeito muito bom. Mas as coisas mudam.
Com a máxima de quanto mais faixas no asfalto melhor, a Prefeitura incentiva a CET. O que vale é as faixas bloqueando os corredores de ônibus. Estas param a cidade. As outras, para quê pintá-las, se não servem para nada? Na visão da CET, administração fraca é outra coisa.
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