Vamos salvar a praça
[Crônica de 9 de junho de 2005]
Primeiro, já faz alguns anos, cercaram o terreno. Usaram grades de metal, em desacordo com a boa tradição sertanista, mas como as coisas evoluem, não havia razão para imaginar que a nova proteção não seria eficiente contra os ataques dos bandidos modernos e de eventuais travestis que quisessem usar o solo sagrado de uma das últimas lembranças da São Paulo colonial para fins não tão nobres quanto reverenciar o passado, aproveitando um pedaço de paz na cidade alucinada para um merecido descanso.
E a grade cumpriu seu papel. Nunca ouvi falar de travestis dentro da praça Monteiro Lobato, agredindo a memória histórica escondida dentro da casa do Bandeirante.
Mas a praça, por conta de uma tradicional má vontade da administração pública e em especial pelo desinteresse explícito da gestão passada, caiu no esquecimento, com o mato comendo solto e o que é pior, com a casa e seu conteúdo sendo maltratada, como se fosse culpa dela São Paulo ser o que é, muito antes de haver o partido da ex-prefeita.
Agora, mais uma vez, estão falando em recuperar a praça Monteiro Lobato e a casa do Bandeirante, como uma solução para otimizar o bairro e dar uma qualidade de vida melhor para quem mora perto da USP.
É uma ideia boa. Uma ideia oportuna e que deve ser levada em frente. A instalação do playground deve ser feita e no passo mais rápido possível. Mas só isso é pouco, a comunidade precisa fechar questão e encampara a ideia para que não seja só mais uma tentativa, que, daqui pouco tempo, como outras já feitas no passado, estará simplesmente esquecida. É hora de arregaçar as mangas e meter a mão na massa, para salvar a casa e dar jeito na praça.
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