Eu detesto a Rebouças
[Crônica de 23 de julho de 2009]
Eu detesto a Avenida Rebouças. Não é uma sensação nova, nem modismo para pegar carona nas agruras do trânsito que inferniza quem tem que passar por ela.
Em relação a Rebouças, todo desvio é desvio, toda picada é atalho, qualquer alternativa vale. O importante é manter uma distância segura, não permitir que suas marolas te afetem, ou que o simples barulho da rua te devore.
A Avenida Rebouças sempre foi um desastre. Eu sei por que conheço a bicha desde que nasci, lá se vão algumas décadas. Depois, desde que tirei carta, senti na pele o que é andar por ela, ou melhor, ficar parado.
Gato escaldado tem medo de água fria. Desde a década de 1970, podendo evitar eu a evito. Não passo pela Rebouças. E quando mudo de ideia e pego a avenida, pago o preço. Na subida ou na descida, tanto faz. Ela não anda e ponto.
Um amigo meu diz que gosta da Rebouças por causa da emoção forte criada pelos motoqueiros alucinados que a usam para aumentar a adrenalina.
Confesso que os motoqueiros da Rebouças não me atraem. Pelo contrário, dependendo do jeito que o estafermo passa, tenho ideias razoavelmente agressivas, quando penso a respeito do que me daria prazer.
Além disso, a avenida é feia. Ainda que com boa parte do canteiro central plantado com figos benjamim, a via é escura, com ar sujo e não compete de jeito nenhum, por exemplo, com a Avenida Brasil.
Para terminar, ela é estreita e os ônibus não acrescentam nada de bom. Por essas e por outras, tendo como, não passo pela Rebouças.
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