Largo do Arouche
[Crônica de 10 de janeiro de 2014]
O Largo do Arouche poderia ser das regiões mais bonitas da cidade. Poderia, mas não é, ainda que com seu ar europeu, mesmo em tempos de decadência, como agora.
A praça é linda, as árvores são lindas, mas os cuidados com ela são pífios, em todos os sentidos: manutenção, limpeza etc. A exceção é a segurança. Tem um trailer da PM que tranquiliza pelo menos em parte quem passa por lá.
O quadro é tão triste que até os bustos do Jardim dos Escritores, pedaço da praça em frente da Academia Paulista de Letras, vão sendo lentamente furtados.
A situação se deteriorou de tal forma que tanto o governo do estado como a prefeitura já procuraram a Academia para saber se teríamos interesse em colocar os bustos que ainda estão lá dentro do nosso prédio.
Mas é difícil porque os bustos são públicos e colocá-los num espaço privado exige uma série de medidas legais e administrativas que não giram fácil dentro da administração brasileira.
O curioso no meio disso tudo é que faz pouco tempo recebi um ofício de um órgão de defesa do patrimônio, querendo que a Academia Paulista de Letras providencie e mudança do local onde os bustos foram colocados porque ao lado tem uma bela estátua de Brecheret.
Concordo, a estátua é linda. Tanto que já fiz mais de uma crônica falando da injustiça de deixarem os escritores de costas para ela, uma mulher nua recém-saída do banho.
O problema é que quem assina o ofício não conhece como as coisas funcionam, nem a história da praça. Mais importante que isso, se querem dar visibilidade à estátua, o que seria ótimo, por que não arrumam a praça? Seria melhor ainda.
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