Um barulho infernal
Não tenho nada contra os helicópteros, ao contrário, são máquinas fantásticas, que mostram todo potencial criativo do ser humano. Máquinas que conseguem a façanha de imitar os beija-flores e parar no ar, voar de lado, andar pra trás e fazer outros malabarismos de deixar o público boquiaberto.
Os helicópteros salvam milhares de vidas todos os anos, transportando feridos graves rapidamente para os hospitais, ajudam a combater incêndios, servem para evacuar pessoas de zonas perigosas ou de difícil acesso, levam mantimentos para quem está ilhado etc.
De outro lado, nunca vou esquecer um especialista norte-americano dizendo que só existem dois tipos de helicópteros: os que já caíram e os que vão cair. Mas nunca tive medo de voar neles e faz tempo que eu faço isso. A primeira vez foi num exercício militar, no acampamento da Candinha, onde hoje é o Aeroporto de Guarulhos, quando estava no CPOR, em 1971.
Considero essas máquinas uma mão na roda de quem precisa chegar logo e tem fortuna para escapar do trânsito, dos assaltos e dos agentes da CET. Pode mais quem é mais rico, é assim porque é. Está na Bíblia faz milhares de anos.
Só que os helicópteros causam um inconveniente gigantesco para quem está embaixo de suas rotas ou próximos de seus pontos de chegada e de partida.
O barulho de suas turbinas é desesperador, irritante, tira a concentração e estraga o humor de quem precisa de silêncio ou está em plena audição da Nona Sinfonia de Beethoven.
Como seria bom se inventassem um helicóptero silencioso. Seria a fome com a vontade comer. Quem pode seguiria em seus voos e quem não pode não seria incomodado pelo ronco infernal.
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