Pompongalho ou girosplik?
[Crônica de 9 de abril de 2014]
Algumas pessoas do tempo do Simca, Aero Willys, Gordini, Opala ou Corcel ainda se lembram do pompongalho na catravanca. A ameaça parecia concreta. Acontecia principalmente na subida da Via Anchieta ou, o que era pior, nas curvas alucinadas do Caminho do Mar.
Com o tempo, os empresários foram descobrindo os segredos do Brasil e do clima da terra e os problemas foram sendo reduzidos. Mas o risco do pompongalho permaneceu real por anos a fio.
Quem conhecia menos de mecânica confundia o seríssimo pompongalho da catravanca com um girosplik na birimbeta. Com sintomas muito parecidos, os dois problemas tinham uma diferença: o pompongalho era quase definitivo, enquanto o girosplik era apenas a desregulagem de uma peça não tão importante assim, a berimbeta, que, curiosamente, atingia muito mais os carros dirigidos por mulheres.
Nada que não se resolvesse rapidamente, com o marmanjo parando ao lado do carro quebrado com as jovens sem saber o que fazer.
– “Posso ajudar?”
– “Pode, sim. Não sei o que aconteceu. De repente acendeu uma luz vermelha e começou a sair fumaça do motor”.
O salvador da pátria abria o capô, olhava com cara entendida, mexia num fio, noutro e voltava com o diagnóstico definitivo:
“Parece pompongalho na catravanca. Não tenho certeza, preciso examinar melhor”.
Passava 10 minutos, o motor esfriava. Ele punha a cara na janela.
“Veja se a luz vermelha continua acesa.”
Não, estava apagada. – “Ok, venha atrás de mim, vamos resolver rápido. Foi só um girosplik na birimbeta. Nada que um pouco de água não resolva.”.
Nada como um motor fervendo para turbinar uma cantada.
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