Cinco anos
O tempo passa. Passa nos dias que passam sem que a gente perceba. Passa nos cabelos brancos que aos poucos chegam para ficar, nas vidas feitas a dois, nos momentos bons e ruins que vão temperando a existência com o sal e a terra do mundo.
Passa no espanto da constatação de que cinco anos se passaram desde que a crônica foi ao ar pela primeira vez.
Cinco anos mágicos, que dão a sensação de terem sido cinco meses, tal o prazer que eu tenho tido, escrevendo-a e apresentando-a, todos os dias. E, no entanto, lá se vão 1.825 dias, representados por 1.279 crônicas, levadas ao ar com poucas repetições, de segunda a sexta, desde primeiro de outubro de 1992.
Nela a cidade foi esmiuçada, seus problemas abordados, suas mazelas tratadas com raiva ou com bom humor, dependendo do dia e das circunstâncias.
Durante este tempo, muita água passou por debaixo das pontes e pelas ruas da cidade, mudando a realidade de nosso cotidiano, normalmente para pior.
Mas, se no grosso, as coisas vão mal, existe sempre alguém disposto a dar alguma coisa, ainda que interferindo num pequeno detalhe, para fazer a vida melhor.
A crônica buscou achar estas pessoas, para falar de gente como a mulher que planta girassóis ao longo da Marginal, do homem que transformou um terreno baldio na praça do bairro, do bom dia dito na rua por um desconhecido.
São pequenos gestos que dão dignidade à vida. Que lhe dão um sentido que ela normalmente não tem, mas que a faz melhor e mais fácil.
Ao longo destes cinco anos eu aprendi, acima de tudo, que as violetas são belas e os gestos singelos têm uma grandeza única, porque, durante todo o caminho, eu tive sempre ao meu lado pessoas que acreditam que a vida é mais do que simplesmente ganhar dinheiro.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.