Tá feio
Algumas das mais altas autoridades nacionais estão dando exemplos complicados. Começando pela PEC da Anistia, em que todos os partidos, com exceção do Novo e do PSOL, se uniram para constitucionalizar o errado, a falta de compostura e a falta de vergonha na cara. A coisa está complicada e não promete um final feliz.
Mas não é só nas casas do Legislativo que o que acontece não deveria acontecer. No Judiciário o desenho está difícil e uma série de decisões tomadas sabe lá em nome do quê, mas com certeza ao arrepio da lei, vai empanando o brilho do Poder que deveria estar acima do bem e do mal, mas que, no mundo real, se iguala ao Legislativo.
E no Executivo, o troca-troca se instalou como a forma mais fácil de chegar lá e comprar a boa vontade de uma grande parte dos políticos que até a semana passada estavam com o governo anterior.
Entre secos e molhados, parece que a economia vai bem, que a inflação está sob controle, que o emprego está em alta, que o desenvolvimento é quase uma certeza, mas o padrão ético, este despenca pelas pirambeiras da vida com a sem cerimônia de quem não tem nada com isso, desde que leve o dele embrulhado para presente.
Dizia um dos maiores homens públicos do século 20 que “política não é moral ou imoral, é amoral”. No Brasil a frase parece que virou o mantra que incentiva a turma a querer mais, sempre mais, em nome do bolso cheio de cada dia e das vantagens indiscutíveis para ganhar a próxima eleição.
Tanto faz o interesse público. Tanto faz se os controles estão fora de serviço, o problema não é deles. É dos setenta milhões de brasileiros vulneráveis à fome. Das dezenas de milhares de moradores de rua. Dos milhões de jovens que não recebem uma educação minimamente razoável. Como diria William Scott Pit, “você pra mim é problema seu”
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