As terras das ordens mais antigas
[Crônica de 3 de dezembro de 2003]
Quem olha o Centro Velho de São Paulo nota que as ordens religiosas ocupam os melhores espaços. A razão para isso é simples: elas chegaram cedo e requisitaram as terras onde se instalaram quando a cidade era menos que uma currutela e a população muito religiosa.
Os primeiros foram os jesuítas, por isso ficaram com o coração da vila, transferida por ordem do governador da colônia para as vizinhanças do Colégio Real inaugurado por eles em janeiro de 1554.
Até hoje o Pátio do Colégio é o coração do coração da cidade. Foi dali que ela se espalhou, primeiro em direção a ladeira do Carmo, onde logo se instalaram os carmelitas e depois no rumo do Largo de São Bento, onde os beneditinos estão desde 1598.
A seguir, mais ou menos na metade do século 17, foi a vez dos franciscanos subirem a serra, para se instalarem no seu largo na pequena vila de onde partiam as bandeiras que começavam a abrir o país.
Nessa época o primeiro convento beneditino estava em ruínas e foi graças a Fernão Dias Paes que um segundo foi erguido, em troca dele, de sua esposa e seus descendentes terem direito ao repouso eterno no chão santo da igreja.
Entre estes atos, ainda no final do século 16, ergueram a capela de Santo Antonio que fica bem no meio do caminho entre os beneditinos e os franciscanos e que chegou a ser Sé da vila, por falta de igreja melhor.
Mas se as grandes ordens ocupavam o centro, também não descuidavam da periferia. É assim que os beneditinos tinham uma grande fazenda em São Caetano e principalmente os jesuítas rodeavam a cidade com seus aldeamentos de índios. Até hoje, parte dessas terras ainda pertence a elas, o que faz da igreja católica uma entidade muito rica.
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