Seicentos mil casos de dengue
Começamos o ano com o pé errado, seja ele qual for, o direito ou o esquerdo. Como canhoto, não me conformo com a expressão “começou com o pé direito”. Por que o pé direito é mais certo do que o pé esquerdo? Gostaria de lembrar que Pelé, o maior entre os maiores e que dá saudades da época em que futebol era coisa séria neste país, era meia esquerda. Quer dizer, deveria chutar mais com o pé esquerdo. Ele chutava com os dois pés, o que democraticamente coloca o direito e o esquerdo no mesmo patamar.
Voltando ao erro, o país entra em 2024 com mais de 600 mil casos de dengue em dois meses. E algumas dezenas de mortos. É para ficar preocupado. Os números apontam uma explosão da doença transmitida pelo aedes aegyptis, que, além da dengue, ainda passa chicungunha e zica, todas doenças bastante sérias e correndo soltas no território brasileiro.
Digam o que disserem, os casos de dengue configuram uma epidemia. 600 mil casos em dois meses é uma epidemia, por mais que tentem dizer que não é.
A notícia boa é que existe vacina para combater a dengue. A notícia não tão boa é que o Ministério da Saúde comprou doses suficientes para vacinar apenas uma pequena parte da população. Então, não vai resolver.
O quadro fica mais sério quando se mapeia a sequência de doenças que vêm pela frente. O aumento da dengue, na medida que elas são transmitidas pelo mesmo mosquito, implica no aumento da zica e da chicungunha. E os casos de covid19 também estão subindo.
Como nos próximos meses teremos gripe, pneumonia, doenças respiratórias, sarampo e o mais que faz parte permanente das mazelas da saúde pública nacional e como, do outro lado, não há nada que indique que os governos investirão mais em saúde, seguir saudável será sorte.
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