A crise perfeita
A crise perfeita é a crise que não acaba, que se reinventa, que tira sal da areia do rio e refaz o errado e o ruim que dão origem ao drama que replica a crise, como se fosse a primeira, de uma longa série que parece que se interrompe, mas que dá uma paradinha e segue em frente, como guerrilheiro vietcongue batendo nas tropas americanas.
É uma crise que pipoca aqui, outra ali, uma terceira mais na frente, a quarta, que é fruto da segunda, bate lá atrás, redimensionando a primeira…
Essa começa no Congresso Nacional, sem ficar claro se na Câmara ou no Senado, e a seguinte nasce numa tentativa do Executivo ser esperto, para cair na armadilha montada pelo chefe de departamento do movimento um contra todos, que janta seis vezes por semana com a irmã mais moça do contraparente do presidente da estatal que quebrou, não tem caixa e os funcionários têm que complementar o fundo de pensão porque alguém passou por lá e levou a grana para Passárgada.
O que antes era claro agora está escuro e a votação foi com quórum qualificado para desdizer o que foi dito no prédio do Supremo Tribunal Federal, pelo funcionário da faxina do Superior Tribunal Eleitoral, que contradisse o que foi sussurrado no Tribunal de Justiça de algum lugar, ninguém sabe qual…
Para não dizerem que é exagero, não tem semana que não arrumem um enrosco para parar o país na curva do rio, preso numa tranqueira que atrasa a corrida puxada pelas águas revoltas da crise passada, que ainda nem assentou a poeira, já está pegando por baixo, para fazer cócegas na barriga do deputado que está indignado porque seu projeto de inversão do curso do Rio Tocantins ficou para aprovação só daqui a seis meses.
Não, não é vingança, é redimensionamento da aplicação dos recursos.
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