Inverno paulista
[Crônica de 15 de agosto de 2007]
Em São Paulo o tempo pirou muito antes de alguém pensar em inversão térmica, aquecimento global, ou qualquer outro assunto relacionado ao meio ambiente. Aliás, não sei se o termo certo é piorou ou se ele sempre foi assim mesmo e foi nossa arrogância que teve a infeliz ideia de achar que poderíamos controlá-lo.
Não controlamos coisa nenhuma. Pelo contrário, ele faz o que quer, quando quer, e tanto faz se é a estação certa para as coisas acontecerem ou não. Elas acontecem, para desespero de quem vive de prevê-lo e alegria de quem deve analisá-lo.
O inverno é o tempo do frio e da seca? Tanto faz. Faz calor e chove torrencialmente, ao ponto de a prefeitura ter que colocar a cidade em alerta por causa dos riscos inundação.
Depois, chove e faz frio e, ainda, depois, não chove e faz mais frio, seguido de um calor africano, com o sol brilhando com a mesma intensidade que brilha nos dias de verão.
Aqui quem manda é o tempo, ou São Pedro, para alguns fiéis mais fanáticos que sabem que na origem de tudo está uma velha rixa entre os dois apóstolos. O padroeiro da cidade e o senhor das chuvas. São Paulo e São Pedro, por conta de antigo ciúme do segundo porque o primeiro deu o nome pra cidade.
Dizem que São Pedro não perdoou os jesuítas. Mas quem paga o pato somos nós, que temos pouco com esta briga acontecida no começo da história do Brasil.
Não ponho a mão no fogo por esta versão dos fatos. Pode ser que sim pode ser que não. O que não há como negar é que aqui as 4 estações do ano às vezes se revezam a cada meia hora.
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