Cultura e riqueza
[Crônica de 17 de junho de 2001]
De repente a gente descobre que São Paulo tem 9 orquestras sinfônicas! É orquestra para cidade nenhuma colocar defeito, e dá para São Paulo um nível alto, que lhe permite falar de igual para igual mesmo com os maiores centros culturais do mundo.
São Paulo é o centro empresarial da América do Sul. Querendo ou não, é aqui que as coisas acontecem e os grandes negócios são feitos, mesmo quando envolvem outras terras e outras línguas.
Desde o começo do século passado a cidade já era o centro econômico do Brasil.
Com o Mercosul sua influência se expandiu e hoje é por São Paulo que passam bilhões de dólares, todos os anos, destinados aos mais diversos investimentos.
Este dinheiro aumentou ainda mais a riqueza da cidade e isto pode ser constatado nas mais diversas manifestações artísticas, desde pequenas performances nas ruas, até espetáculos grandiosos, como os Miseráveis e a série de concertos da Cultura Artística e do Mozarteum.
Arte e dinheiro sempre andaram de mãos dadas. É só dar um passeio pela história para se ver isso. Atenas líder da Grécia é a cidade onde as artes explodem no século 5 antes de Cristo. Roma, líder do mundo, tem seu apogeu retratado na riqueza das construções da cidade. Paris, Londres e Berlim falam dos impérios de seus países e Nova York é a prova viva de que a arte gosta de viver bem e que por isso é onde está o dinheiro que ela gosta de viver.
São Paulo é a metrópole da América do Sul. A maior cidade e a mais rica. Assim, é lógico a arte se instalar por aqui e crescer, multiplicando os museus, os teatros, as exposições, os concertos e, é lógico, suas orquestras.
A cidade suja, maltratada, esburacada e violenta é, em contrapartida, a casa das artes. A usina geradora de cultura. O lugar onde a vida se recria, em teatros, cinemas, casas de espetáculos e parques, que não dormem nunca porque o show não pode parar.
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